Safra de laranja 2019/20 em SP e MG se encerra em 386,79 milhões de caixas.

13/04/2020 - Produção foi 35,3% maior do que a da temporada 2018/19 e registrou produtividade recorde

FONTE: Agro Link

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          A safra de laranja 2019/20 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro se encerrou em 386,79 milhões de caixas de 40,8 kg, de acordo com a Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) do Fundecitrus. O valor apresenta redução de 0,54% em relação à primeira estimativa, de 388,89 milhões de caixas, divulgada em maio de 2019. Esta safra foi 35,3% maior do que a anterior (2018/19), o que evidencia o ciclo bienal de produção das laranjeiras, ou seja, safras maiores alternadas com safras menores.

          “Nos últimos 30 anos, tivemos apenas quatro safras maiores do que essa, mas nessa que está se encerrando a produtividade por hectare atingiu um patamar inédito”, diz o coordenador da PES, Vinícius Trombin.

A produtividade observada foi de 1.045 caixas por hectare, uma diminuição de seis caixas por hectare em relação à projeção inicial, mas ainda assim um recorde.

De acordo com o gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, esse marco foi possível graças a uma convergência de fatores. “De um lado, produtores, que nas últimas décadas renovaram pomares adotando níveis tecnológicos mais elevados e ofereceram tratos culturais adequados, e do outro, a natureza, que, por meio do clima, possibilitou que as plantas atingissem o ápice do potencial produtivo em termos de frutos por árvore”, pontua.

 

          A produção total de laranjas nesta safra incluiu 76,27 milhões de caixas das variedades Hamlin, Westin e Rubi; 19,83 milhões de caixas das variedades Valência Americana, Seleta e Pineapple; 118,29 milhões de caixas da variedade Pera Rio; 125,81 milhões de caixas das variedades Valência e Valência Folha Murcha; e 46,59 milhões de caixas da variedade Natal. Cerca de 27 milhões de caixas foram produzidas no Triângulo Mineiro.

 

          Clima favorável, apesar das chuvas abaixo da média

          Condições climáticas ideais foram observadas durante o inverno e a primavera de 2018, e permitiram excelente florescimento e favoreceram o bom pegamento de flores e fixação de frutos jovens, culminando em elevado número de frutos por árvore e homogeneização da produção, com cerca de 94% dos frutos concentrados em primeira e segunda floradas.

 

          Na fase de enchimento e colheita das laranjas, de maio de 2019 a março de 2020, a precipitação acumulada atingiu 1.210 milímetros, 9% inferior à média histórica, de 1.332 milímetros (1981-2010), de acordo com dados da Somar Meteorologia.

A deficiência de chuvas foi mais acentuada no Centro, Sul e Sudoeste do cinturão citrícola. No Norte e Noroeste, as precipitações atingiram volumes maiores. Com exceção das regiões do Triângulo Mineiro e São José do Rio Preto, todas as demais tiveram acumulados abaixo da média histórica, conforme demonstrado no gráfico acima.

          De forma geral, a redução do volume de chuvas prejudicou o crescimento das laranjas, que apresentaram peso médio ainda menor do que o projetado em maio de 2019 – naquele momento, já havia indicadores de que o fruto seria pequeno devido, principalmente, à grande quantidade de frutos por árvore e à elevada proporção de laranjas de primeira e segunda florada. O peso médio dos frutos foi de 156,3 gramas, enquanto a projeção inicial era de que atingiriam 157 gramas na colheita – as regiões com frutos menores tiveram menores índices de chuva em relação a suas médias históricas (veja no mapa o peso médio dos frutos por região).

 

          Greening, bicho-furão e mosca-das-frutas derrubaram maior parte dos frutos

          A taxa média de queda de frutos do cinturão citrícola, acumulada desde o início da safra, foi de 17,63%, a mais alta já medida pelo Fundecitrus. As principais causas foram queda natural, atividades mecanizadas ou condições climáticas adversas (5,15%); greening (4,39%); bicho-furão e moscas-das-frutas (4,29%); pinta preta (2,12%); leprose (1,30%); e cancro cítrico (0,38%).

 

          As maiores taxas de queda foram registradas nos setores Sul e Centro (veja no mapa abaixo), e as causas mais prováveis são as alta incidência de laranjeiras com sintomas de greening e a grande quantidade de árvores com elevada severidade da doença. De acordo com o levantamento de doenças feito em 2019 pelo Fundecitrus, o Sul tem 36,96% das laranjeiras com greening, e o Centro, 30,76%; nos demais setores, os índices foram significativamente mais baixos. A média, considerando todo o parque citrícola, é de 19,02%.